terça-feira, 9 de setembro de 2008

"Oye, una fresa! hoy es mi dia de suerte!"

A popularização do DVD tornou possível encontrar alguns títulos da cinematografia mundial que não se encontrariam tão facilmente há uns 3 ou 4 anos atrás por ai. Nessa leva, vasculhando as baciadas das lojas de departamentos, consegui trazer "Morte e Veneza" de Visconti, "Plata Quemada" de Marcelo Piñeyro, "Guerra e Paz" com Audrey Hepburn, entre outros títulos para minha coleção pessoal. Tudo bem que hoje em dia é fácil baixar o que se queira via torrent, mas nada como um filme a preço acessível, com capa ilustrada, extras e legendas já organizadas.
Minha última boa surpresa dessa leva foi "Morango e Chocolate" do celebrado diretor cubano Tomáz Gutièrrez Alea, com Jorge Perugorría, Vladimir Cruz e Mirta Ibarra. Eu tinha esquecido o quanto o filme era tão degustativo. Mais do que uma película sobre a amizade, as idiossincrasias ideológicas de um regime socialista e a homossexualidade sob o comunismo (condição pária em qualquer regime político, pelo menos até hoje), "Morango e Chocolate" é um brinde à cultura cubana. Principalmente ao apreço à cultura e à intelectualidade, suprimida em alguma instância pela realidade política. O Diego de Jorge Perugorría é a própria celebração dessa Cuba de Marti, Lezama Lima, Reinaldo Arenas.



Infelizmente a capa do DVD traz indicações pouco aprofundadas a respeito do filme. "Morango e Chocolate" não é uma comédia saborosa ao gosto latino, como os jornais norte-americanos anunciaram. Mais do que isso, é um retrato fiel e justo de um país cheio de riqueza intelectual, às voltas com a situação de penúria financeira provocada pela fidelidade a um modo de vida socialisa em um cenário neo-liberal pouco simpático. Fidelidade cujo custo são as liberdades individuais. Mas não há como reconhecer, na criativa vida de Diego e em sua fala sedutora, toda a espontaneidade que é impossível de se ocultar. Quem não viu, veja

Nenhum comentário:

Postar um comentário