Até às 14h37 minutos desta sexta-feira, 09 de abril, já são 186 mortos no Estado do Rio de Janeiro, depois de uma semana de chuvas intensas no Sudeste. Embora os jornais e o poder público divulguem a tragédia "causada pelas fortes chuvas", o olhar mais acurado reconhece onde está a verdadeira causa, a origem do drama, a raiz da catástrofe.
A maioria quase absoluta das mortes ocorre entre os mais pobres, que viviam em favelas e encostas, zona desconhecida dos mecanismos estatais, a não ser nos justificáveis casos de especulação imobiliária e repressão policial. Um coro uníssono culpa o poder público, autoridades culpam o excesso de chuva, as mudanças climáticas. Para os mais místicos, é fim do mundo que se aproxima.

Pouca gente se lembra de onde veio aquela gente que ocupou aqueles espaços, nem as diversas razões estruturais que os empurraram para lá. Nem mesmo os 186 mortos até agora levantam a discussão de sua historicidade em qualquer debate. As quase 200 casas engolidas pela lama de um antigo lixão do Morro do Bumba, em Niterói, serão esquecidas em pouco tempo. O fato é que todos estão viciados e entorpecidos pelo tempo presente e assim permanecerão quando a lama secar e os atestados de óbito estiverem devidamente arquivados e computados nas estatísticas oficiais.
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