sexta-feira, 2 de abril de 2010

O microcosmo das raízes totalitárias

Ao ver "A Fita Branca", (Das Wiesse Band, do austríaco Michael Haneke), não pude deixar de me lembrar do controvertido livro de Daniel Jonah Goldhagen ("Os Carrascos Voluntários de Hitler: o povo alemão e o Holocausto", Cia das Letras). Não que a sofisticação cinematográfica de Haneke ("Caché", "A Professora de Piano") se compare à discutível tese de Goldhagen sobre a culpa do cidadão alemão comum na máquina genocida. Minha associação se deu por conta das críticas apontando o filme de Haneke como uma análise das raízes do nazismo no microcosmo educacional alemão em uma pequena vila durante a Primeira Guerra Mundial.

Concordo com algumas críticas sobre a tese já defasada das raízes psicológicas do nazismo (como apontada no Café História por Bruno Leal), mas ao mesmo tempo reconheço que o filme de Hanecke joga luz sobre as bases sociais do apelo ideológico fincadas na tradição e no processo educacional. O mais interessante do filme de Hanecke é que naquela vila alemã o processo pode ser facilmente reconhecido (assim como no interessantíssimo livro de "O Jovem Törless" de Robert Musil).

Para quem não viu "A Fita Branca", o trailer:



Para quem ainda não leu "O Jovem Torless", uma boa análise

E uma crítica lúcida ao livro de Daniel Jonah Goldhagen

Nenhum comentário:

Postar um comentário