segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O escritor argentino Tomás Eloy Martinez morreu neste domingo, 31 de janeiro, depois de uma longa luta contra o câncer. Romancista brilhante, revolucionou de certa forma o modo de se fazer um romance histórico, ao explicitar o grau de invenção da própria escrita histórica tradicional. Sua literatura soube caminhar pela polêmica estrada do retorno da narrativa, produzindo frutos interessantíssimos de reflexão.

Seu romance "Santa Evita" o tornou conhecido em todo o mundo. Nesta novela impagável, Tomas Eloy revisita o mito de Eva Perón a partir de sua morte e do seu cadáver embalsamado, que desaparece com a queda do peronismo. Longe de ser uma descrição pretensamento pormenorizada e documentada de um mistério mórbido, "Santa Evita" é um mosaico divertido e ao mesmo tempo trágico de uma nação obcecada pela cristalização do passado. Em uma de suas tantas entrevistas, Tomas Eloy Martinez afirmou que a necrofilia é uma enfermidade tipicamente argentina, um produto típico do país, assim como os alfajores e o doce de leite. Essa característica necrófila, para o escritor, se refletia na incapacidade de se construir um futuro e na busca da identidade em um passado de glória cujas esperanças não se realizaram.

Aqui, uma entrevista do escritor e jornalista ao também jornalista Ariel Palácios

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