No dia 27 de janeiro de 1945 as tropas do exército vermelho libertaram o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na localidade de Oswiecin, Polônia. Auschwtiz foi o nome que os alemães deram para um imenso e assustador complexo de prisão, exploração de mão-de-obra e centro de extermínio nas planícies distantes da silésia polonesa. Um nome que para muitos judeus e outros prisioneiros que desembarcaram ali em gélidas noites de inverno ou sufocantes tardes de verão, atarantados pelo espetáculo de horror, soava com a estranheza de quem acaba de ser apresentado a uma nova terminologia para o designar o inferno.
Há 65 anos o mundo vem tentando compreender o que foi Auschwitz. Pesquisas históricas, memórias de sobreviventes, romances, peças teatrais, músicas, tratados filosóficos. A libertação do campo de extermínio inaugurou seu tema. Depois daquele dia de inverno, a humanidade pareceu compreender que o processo civilizatório perdera o sentido. Adorno apontaria que "a exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la". A libertação de Auschwitz e a memória dos milhares de judeus, ciganos, homossexuais e opositores políticos que perderam suas vidas, famílias, identidades, esperanças neste buraco negro quase incompreensível inaugurou uma reflexão necessária, perene. A cada ano dezenas de investigações acadêmicas sobre o Holocausto são publicadas. Qualquer volume investigativo, por maior que seja, nunca esgotaria tal tema. Em que pesem posições ideológicas e críticas e mesmo a praga do revisionismo irresponsável ou do pouco caso com o passado, a memória de Auschwitz é um dever humano imprescindível.

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